– Urupês
Este livro de contos, considerado
por muitos a obra-prima de Monteiro Lobato, tornou-se um clássico da literatura
brasileira. É um fenômeno sem precedentes que provoca um terremoto literário,
outro sociológico e outro político. A primeira edição, lançada em 1918, foi toda
ilustrada pelo próprio Lobato. Junto com Saci, constitui a primeira experiência
e também o primeiro êxito editorial de Lobato, financiada com recursos
próprios. A terceira edição, em 1919, esgotou-se rapidamente, devido a uma
longa referência ao Jeca Tatu, personagem central do livro, feita por Rui
Barbosa, o que ensejou uma quarta edição. Lobato brinca com o idioma, adota o
vocabulário doméstico do interior de São Paulo, cria palavras novas - como, por
exemplo, “matracolejando gargalhadas” - muitas das quais estão hoje nos
dicionários. São vários contos, retratando aspectos da realidade brasileira nos
quais denuncia, numa linguagem vigorosa, o drama da exclusão social, que ainda
persiste no Brasil pós-Lobato. “Velha Praga” é uma reportagem sobre os grandes
incêndios - as queimadas - que produzem estragos na lavoura e na economia do
País comparáveis aos de uma grande guerra. Buscando culpa, refere-se ao nosso
caboclo como “funesto parasita da terra... inadaptável à civilização”. Em
Urupês, ele contrapõe aos heróis da literatura indigenista o caboclo, o pobre
Jeca, indiferente ao desenvolvimento do País. O livro provocou muita polêmica.
Lobato mais tarde reconheceu que o retrato do caboclo era injusto, que a culpa
não era do Jeca, mas sim daqueles responsáveis pela sua miséria e abandono.
– Cidades Mortas
Foi publicado originalmente em
1919, numa edição da Revista do Brasil. Reúne os primeiros escritos de Lobato,
ainda estudante em Taubaté, e contos que escreveu antes de viajar para ocupar
um posto no Consulado brasileiro, em Nova Iorque. Mostra
o Brasil de duas épocas, porém com os mesmos problemas, país onde os políticos
não têm a menor preocupação social. Nos contos transparece a transição da
agricultura brasileira provocada pela grande crise do café, ocorrida em 1929. É
um retrato bem nítido do que era São Paulo nos anos 20.
– Negrinha
Muitos
acreditam que neste livro estão os melhores contos escritos por Lobato. Sem
dúvida são os mais emotivos e que mais agradaram ao público. Alguns contos
foram escritos antes de sua viagem aos Estados Unidos, outros depois do
retorno. O livro contém verdadeiras preciosidades no tratamento do idioma e os
personagens são mais urbanos e mundanos que os dos livros anteriores. Há, de
fato, contos primorosos que honram a literatura brasileira, como, por exemplo, “A facada imortal”.